segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Eu te amo, suas poesias!


                                                   
    Não é a primeira e nem a ultima vez que falarei ou citarei os poemas de Ana Cristina Cesar, uma das poetas da literatura marginal dos anos 1970. Uma mulher de mil faces e personalidades, amor pela poesia e pela arte. Uma vida passageira, um suicídio aos 30 anos, algo trágico para os que permanecem vivos,e  um alivio para ela que se foi
  Poeta marginal minimalista assim gosto de chama-la, pois Ana Cristina refazia seus poemas querendo atingir uma espécie de  perfeição: ''inventar o livro antes do texto''.
Filha de um sociólogo/jornalista e de uma professora de inglês, Ana Cristina era de família cristã protestante e tinha dois irmãos. Sua vida passou a ficar um tanto quanto conturbada por conta da religiosidade e um certo conservadorismo dominante em sua família que ela  sentia ter herdado.  É fácil notar seus conflitos interiores: Seu conservadorismo que tanto a incomodada, participar da primeira geração a ter contato com essa coisa nova de Juventude, ídolos juvenis mortos e país em ditadura! Tudo isso pode ser coisas que tanto afligiam Ana Cristina, além do fato de ser POETA!
Passou temporada na Inglaterra e traduziu alguns livros nos quais se destacam livros de Sylvia Plath e Emily Dickinson. Estudou Letras na PUC-RJ e mestrado na UFRJ.



SONETO

Pergunto aqui se sou louca 
Quem quer saberá dizer 
Pergunto mais, se sou sã 
E ainda mais, se sou eu 

Que uso o viés pra amar 
E finjo fingir que finjo 
Adorar o fingimento 
Fingindo que sou fingida 

Pergunto aqui meus senhores 
quem é a loura donzela 
que se chama Ana Cristina 

E que se diz ser alguém 
É um fenômeno mor 
Ou é um lapso sutil?



Toda Mulher

a coisa que mais o preocupava
naquele momento
era estudo de mulher

toda mulher
dos quinze aos dezoito

Não sou mais mulher.
Ela quer o sujeito
Coleciona histórias de amor.


TRECHOS DE POEMAS DO LIVRO INÉDITOS E DISPERSOS:

Esvoaça... Esvoaça... "É como a vela que se apaga, E a fumaça sobe e se atenua. É o amor fraco que se apaga, Não adiantam poemas para a lua.
Sofre o homem, o amor acaba E a doce influência esvoaça Como o fio adelgaçado De fina e translúcida fumaça Esvoaça, esvoaça... Atenua o amor, Atenua a fumaça. Para que tanta dor? E o amor que vai sumindo, Adelgaça, esvoaça, esvoaça...


Casablanca 

Te acalma, minha loucura!
Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este som de serra de afiar facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardías...

Estas molas a gemer no quarto ao lado
Roberto Carlos a gemer nas curvas da Bahia
O cheiro inebriante dos cabelos na fila em frente no cinema...

As chaminés espumam pros meus olhos
As hélices do adeus despertam pros meus olhos
Os tamancos e os sinos me acordam depressa na
madrugada feita de binóculos de gávea
e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano.




2 comentários:

  1. Não sei a que horas você postou, mas agora à noite, eu estava conversando E X A T A M E N T E sobre esta autora, que eu desconhecia, mas que a descobri ao vislumbrar um pedaço de página do livro, numa foto desta minha amiga...Acho que a isto podemos dar o nome de sincronicidade, não???

    O dia hoje foi longo, mas prometo voltar...

    Um beijo, menina..

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  2. Prometo postar mais coisas de Ana Cristina Cesar, e de outras mulheres maravilhosas! Abraços!

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