quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CONVERSA RÁPIDA - IVAN SILVA

autorretrato. Ivan Silva
Goianira / GO:
Ivan Silva - isrbaixo@hotmail.com 

                atunalgun.blogspot.com

- O mundo ao seu redor é: O cheiro da decomposição.


- arte é? Engraçado. No último sarau que teve em Santo Antônio uma questão parecida foi levantada, mas me concentrei mais só no "é" ou "não é", e depois pairou no ar a resposta de que tudo é. Lembrando disso agora me perguntei se tudo não é arte... sei lá, acho que cada um cada um, depende da pessoa. Arte pra mim mesmo são os sentidos livres que estavam de molho num copo de cachaça. E não estou induzindo ninguém a beber, cada um é dono do seu próprio nariz. Dane-se quem quiser proibir o experimento! É através disso que se dá conta da loucura dos valores retorcidos na sociedade. É na sociedade dos poetas mortos que se vê nevar sangue. O que parece bom pra mim não precisa parecer bom pra ninguém. Complico as coisas demais estando sóbrio!


- arte marginal é? : A língua que não se corrompeu pelo eco dos aplausos.


- '' ídolos'': Ah, Niezstche, Baudelaire, Mario quintana, David Bowie... Pã! Um dos que mais me chama atenção. Metade humano, metade animal. Um sátiro! É claro que com tanta distorção que já fizeram na história, talvez o que está escrito sobre esse mito já tenha perdido grande parte da essência. Mas não me esqueço da música vivida por ele.


- Quadrinhos ( HQ) : Uma paixão.

- planos e projetos artísticos: Não tenho o costume de planejar as coisas, apenas sinto que tem algo querendo sair. Quando vejo já tá pronto. Mas no momento tô fazendo o segundo Flato (zine que lancei a primeira edição em janeiro) e também pintando pra participar de uma exposição, juntamente com o amigo irmão Diego El Khouri. Tenho até que conversar com ele depois sobre isso. Bom, tem também o zine (se já tiver nome põe aqui) que vc tava arrumando, pratocinado por uma gráfica de goiânia. Onde vai ter contos, poemas, de vários poetas goianienses. O Coletivo zine, idéia que surgiu lá no Rio de Janeiro numa conversa entre amigos, tá pra sair o segundo. A camiseta nossa que fiz uns desenhos, só falta procurar uma serigrafia que faça o trabalho à preço acessível e a gente arrumar a grana rs. Aquilo também que vc me falou outro dia, de reunir o pessoal e sair de escola em escola lendo poesia nas salas de aula. Muito boa a idéia! Bora ver isso?!




- Amizade : Vida que habita até o meu mais obscuro ser. Ser sufocante, denso, falador apenas nas ondas da superfície. Um dia sem prosear e sinto saudade. Gosto tanto de ouvir quando quem não fala é o meu silêncio, ou o lixo do mundo lançado nas águas. Amizade é o que me dá força pra superar o eu final, sempre! É um compartilhar interior. Sem amizade não sei o que seria de mim...

- guerra as drogas, sim ou não? Por quê? : Não. A industria farmacêutica é o pior dos traficantes!






  SEGUE AI ALGUNS ESCRITOS DE IVAN SILVA:


Mar ou rocha não importa 


(Por Ivan Silva)

Ser mar, ou ser rocha? Ser rocha não é sentir as ondas do mar que se
quebram? Não é ser cavoucado e dar, querendo ou não, novos limites a
mais fortes e renovadas ondas? Não é se tornar vazio? Não é deixar
passar despercido os pedaços, os grãos, os pós umidecidos que são
arrancados pelo mar a cada toque? E ser mar?! Não é arrancar da dura
rocha, minerais necessários para vida? Não é ir de encontro a praia; se
lançar sobre a areia, onde há conchas, ovos de tartaruga enterrados, e
também frações do lixo industrial da humanidade?! Ser mar, ou ser rocha?
[...] 


Noite enrugada

(Por Ivan Silva)

Acordei
e vi a porta aberta:

ela foi esperta... 

O Coveiro

(Por Ivan Silva)

“Baudelaire me cavou uma cova profunda”
Nessa intriga o advogado aparece.
Defensivo, junto ao juiz de outras tumbas
E vão se ostentando as calunias.

“As flores do mal são terríveis de prova”
E o cenário despenca um gemido.
“Os tonéis são de fundo finitos”
E o ódio duvida e vacila a certeza.

O belo se horripila nos olhos.
As pupilas queimam tamanha frieza
“Onde está afinal essa espúria de cova?”

E a paisagem se entra em discórdia.
“Baudelaire coveiro dos malditos!”
E entra pela boca o verme dos ouvidos. 

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