segunda-feira, 3 de março de 2014

O Tempo do ônibus

   Dentro do ônibus as vozes se misturavam, os corpos suavam, e a única coisa que parecia andar sem parar era tempo. O tempo seguia seu rumo sem parada e congestionava os planos.
   A chegada ao destino esperado parecia impossivel, todos querem chegar a tempo. Porém, ele chegou ao destino, um bar fétido do centro.
  Encontrou um amigo, sua barba rala parecia tomar todo seu rosto, e na testa já havia sinais dos primeiros fios brancos.
  - Quanto tempo!
   Foi essa a primeira frase que um disse para o outro, ao mesmo tempo, quase que em coro.
   Cerveja no copo, copo na boca, espuma nos lábios, uma frase. Cerveja no copo, copo na boca, espuma nos lábios, uma frase, e assim seguiram por algumas horas a fio.
- Caraleo, eu nem zeii quantos horax zão!Monha mulher vai me matar...As mulhé, sempre elas!
  Firmando os pés, deixou dinheiro para o amigo pagar a conta, esperou, esperou, e o ônibus não passou. Notou que ja estava tarde. O tempo passou levando com ele o ônibus... Aproxima-se uma moto com dois rapazes, sem farol, sorrateiros.
 - Passa o celular agora, Fera, anda!
- Meu ceeelular é veio, ocê não vão querê ele nom...
   '' Pooooooooow, Pooooooow''
    Dois tiros, corpo no chão, presunto exposto no ponto. Tempo, objeto intocável, vivo e cruel. Caminha despercebido por nós que caminhamos sempre despercebidos pelos outros.


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