Durante toda sua vida, Lúcio Cardoso não teve o devido reconhecimento de sua obra, e ao contrário de muitos que ganham notoriedade após a morte, Lúcio Cardoso ainda permanece nas sombras da literatura brasileira.
Foi escritor do período modernista, na metade do século XX, publicou 13 livros (poesias, romances e novelas).
A critica considerou sua obra Crônica da Casa Assassinada seu melhor trabalho, a qual eu também recomendo e disponibilizo a obra aqui no blog.
Download : Crônica da Casa Assassinada
AUTO-RETRATO
A fronte onde uma veia denuncia a vida concentrada
pensamentos breves, desejos que se avolumam ao correr das horas graves,
uma centelha — e o mistério sempre renovado da música que nasce.
Os olhos, alvo onde se fundem os elementos de discórdia,
como o azul e o negro sobre os mares abertos,
como o riso e o pranto nos delírios do amor.
Sombras, ainda sombras dolentes ao longo das narinas que fremem,
os lábios que se abrem ávidos para os turvos vinhos da terra,
para a memória maldita dos beijos sem resposta.
E de tantas sombras que se misturam nesta face humana,
qualquer coisa que lhe empresta um ar alucinado,
como se uma força maior, de suprema distância,
tentasse arrancar das trevas o anjo adormecido.
AUTO-RETRATO
A fronte onde uma veia denuncia a vida concentrada
pensamentos breves, desejos que se avolumam ao correr das horas graves,
uma centelha — e o mistério sempre renovado da música que nasce.
Os olhos, alvo onde se fundem os elementos de discórdia,
como o azul e o negro sobre os mares abertos,
como o riso e o pranto nos delírios do amor.
Sombras, ainda sombras dolentes ao longo das narinas que fremem,
os lábios que se abrem ávidos para os turvos vinhos da terra,
para a memória maldita dos beijos sem resposta.
E de tantas sombras que se misturam nesta face humana,
qualquer coisa que lhe empresta um ar alucinado,
como se uma força maior, de suprema distância,
tentasse arrancar das trevas o anjo adormecido.
Lúcio Cardoso
WOLFF
Lado a lado, vai de mim passando o lobo -
nunca me acabo, mesmo se andando
o real se despe de mim e fica o bobo.
O que resta por aí vai divagando.
Incipiente, príncipe reduzido ao nada,
que este sou, de mim me naufragando?
Que ínvia fera à espera aquartelada
atenta-me - se a lua vagarosa em alto anda?
Quem me espera presa aniquilada?
Quem me contempla neste poder o ser um rei?
Que noite me busca angustiada?
Quem mais do que eu sei o que sei?
Vou do princípio de mim ao fim vagando,
e me olham, pensando de mim o que de mim nunca direi.
Lúcio Cardoso
OBRAS
Maleita (1934); Salgueiro (1935); A Luz no Subsolo (1936); Mãos Vazias (1938); O Desconhecido (1940); Poesias (1941); Dias Perdidos (1943); Novas Poesias (1944); O Anfiteatro (1946); Crônica da Casa Assassinada (1959); Diário Completo (1961); O Viajante (1970).Lado a lado, vai de mim passando o lobo -
nunca me acabo, mesmo se andando
o real se despe de mim e fica o bobo.
O que resta por aí vai divagando.
Incipiente, príncipe reduzido ao nada,
que este sou, de mim me naufragando?
Que ínvia fera à espera aquartelada
atenta-me - se a lua vagarosa em alto anda?
Quem me espera presa aniquilada?
Quem me contempla neste poder o ser um rei?
Que noite me busca angustiada?
Quem mais do que eu sei o que sei?
Vou do princípio de mim ao fim vagando,
e me olham, pensando de mim o que de mim nunca direi.
Lúcio Cardoso
OBRAS
Amigo, dá-nos mais downloads do autor, por favor! Um abraço.
ResponderExcluirBoa tarde!!! Não consigo fazer o download do livro, e preciso muito dele para fazer um trabalho da faculdade.
ResponderExcluirtem como você disponibilizar de outra forma?
muitooo obrigada