quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Banheiro, divã.





  Olho para a audácia de alguns grandes nomes da nossa história e  tenho a impressão de que eles faziam da sociedade o seu banheiro particular. Eles expeliam suas verdades sem pudores, e a maioria causava repulsa. Acredito que é realmente assim que a sociedade deveria ser tratada.
  Para o feng-shui os banheiros tem muita importância, os fluidos da água podem até interferir no financeiro de uma pessoa ou da família. Já para os gregos antigos os banheiros não tinham tanta importância e eram coletivos. Os banheiros passaram a ser populares depois da expansão do Cristianismo, os romanos passaram a adotar tal luxo na casa de alguns nobres, o que mesmo assim não pegou. Esse ambiente da casa só entrou para a rotina muito tempo depois, com a extravagancia da burguesia protestante.
  Por que durante tanto tempo o banheiro era um artigo de luxo? O banheiro carrega um lado espiritual narcisista, é um prazer se cuidar e ter um tempo dedicado somente para você.
  Tirando todo o contexto histórico do banheiro, ele é meu lugar favorito da casa, simplesmente porque lá eu posso expelir tudo o que me manteve viva nas últimas vinte e quatro horas, tudo o que eu usei e degustei e agora rejeito ( como uma ex- namorada). É no banheiro que lembro sozinha que também sou bicho, é lá que o meu lado mais animal se desperta. No banheiro eu lembro que posso vomitar depois de um porre barato, vejo meus pelos púbicos sem pudor, analiso com nojo tufos de cabelo no ralo, e ainda posso bater uma siririca ( ou punheta se fosse macho) pensando em alguém que não tive a capacidade de foder. Ah, como eu adoro esse lugar. Não existe vergonha no banheiro, eu esqueço até da mentira.
    Faremos do mundo inteiro um banheiro, expelindo ideias, observando os detalhes, sempre jogando para fora nosso '' eu''sujo e nojento, mostrando quem realmente somos, e sem vergonha alguma inclusive para criar.
  

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